Em uma pequena casa trancada, preso fica um menino. Eu o observo pela janela embaçada. Uma casa muito estranha, de formas feias e tortas; um cômodo apenas; um quarto vazio, dominado por trevas.
Sentado em um canto, o menino se mantinha encolhido em silêncio, acuado por medos. Suas lágrimas, são muito pesadas pra alcançarem os olhos. Ele tenta gritar, mas sua voz falha e não fala. Sentia-me olhando, uma criatura quase morta.
O menino observa, do seu canto, a janela; seus olhos brilham ardentes, ao verem a luz do sol aqui fora, e meus olhos choram, por verem tão desolada, acabada e esquecida, existente criatura. Como poderia ser tão triste, com toda a infinitude de belezas maravilhosas, que se exibem aqui fora?
Eu gritei, esmurrei as janelas, pra chamar-lhe atenção. Sua casa era trancada por dentro; apenas Dele dependia a vontade de sair, escapar dali! De tanto gritar, vomitando desesperos, ele me olhou e correu até mim, à janela.
Olhei firme em seu rosto, e me reconheci. O menino era eu, preso, confinado nas teias problemáticas de minha mente agoniante; trancado, enclausurado no meu quarto escuro me isolando de toda e qualquer, ameaça de dor.
Percebi, por momento, quanto estava morto; não havia mais tanta diferença entre a ilusão e um caixão; quem me vê caminhando por aí, diz a si que estou bem vivo, mas sou apenas mais um morto com medo de viver; só trancado, enclausurado de novo, na minha caixa de formas feias e tortas, onde só me importo em morrer.
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